Castilha

Castilha

“Os castilhanos levam a vida como se tocassem seus violões: com uma paixão desenfreada e uma precisão implacável.” — Dame Sophie du Lac

Castilha

Erigida por uma das famílias mais venerandas do Antigo Império, Castilha tomou forma graças a várias forças. Já fez aliança com o Império do Crescente, travou guerras com Avalon e Montaigne, e, no momento, abriga o âmago da Igreja dos Vaticínios. Contudo, apesar de centenas de anos de invasões militares ou não, o coração de Castilha nunca mudou. Foi, é e sempre será uma Nação dedicada a seu povo.

O fato recente e mais importante na história de Castilha foi a inesperada invasão montenha em 1664. Castilha conseguiu rechaçar as forças de Montaigne, mas esse êxito saiu bem caro. Lavouras foram destruídas, vidas se perderam. Metade de uma geração de jovens foi morta, mutilada e aleijada na luta contra as ambições do autointitulado “imperador” de Montaigne. Castilha balança e está prestes a tombar.

Geograficamente falando, Castilha encontra-se em terras de ótima qualidade. Tem minas produtivas, solo fértil e oceanos bem providos; seu povo nunca se viu privado de comida e suprimentos. Até recentemente. Os invernos são breves e tépidos, os verões são longos e temperados. As primeiras tentativas de Castilha de promover a agricultura tolhiam a produtividade das lavouras, mas o conhecimento da Igreja mudou tudo. Na verdade, o afã da Igreja em organizar as coisas transformou Castilha numa potência econômica. Até recentemente.

A família Sandoval detém o trono de Castilha, e o campo se divide em condados governados pela aristocracia castilhana, os chamados Grandes de Castilha. Um Grande governa uma concessão de terras, ou concesión, em nome do rei, recolhendo impostos e ministrando a justiça. Com a aprovação da Igreja, as concesiones são distribuídas equitativamente, e cada um dos Grandes se responsabiliza por abrigar e sustentar uma parte igual do exército do monarca. O rei de Castilha faleceu recentemente, deixando no trono seu filho de doze anos. Apelidado de o “Bom Rei Sandoval” por um dos poetas mais famosos da corte, o garoto mantém o país unido há quatro anos, um período que já ultrapassou todas as previsões de seus detratores.

Apesar de, em título e nome, o rei de Castilha ser o soberano supremo do reino, não é segredo que suas decisões são afetadas substancialmente por uma junta de conselheiros ligados à Igreja. Alguns traidores já tramaram contra o Bom Rei, mas três tentativas de assassinato fracassaram, graças, em grande parte, ao empenho do personagem misterioso conhecido apenas como El Vagabundo. O justiceiro mascarado provou ser mais do que páreo para aqueles que tramam contra a coroa de Castilha, mas ainda é possível que todo seu esforço seja em vão.

Com o rei cercado de padres e conselheiros impossibilitado de conversar com os Grandes, a hierarquia está se desfazendo. Autoridades corruptas desviam mais impostos para as próprias bolsas, investindo menos na manutenção da Nação. Os sistemas fundamentais estão se esfacelando. E o Bom Rei Sandoval se vê praticamente impotente para impedir a derrocada.

Os castilhanos são práticos. Viram que seria benéfico aceitar a Igreja e incorporá-la à cultura de sua Nação. Castilha é a única Nação a ter aquedutos em todas as cidades importantes. Tem educação pública e gratuita. Sua água é pura e as safras nunca foram tão produtivas. Até mesmo o vilarejo mais simples de Castilha tem uma igreja abastecida com suprimentos médicos, uma pequena biblioteca e um acadêmico versado em ciência e medicina. Em geral, os castilhanos são o povo mais instruído de Théah.

Os castilhanos são ardorosos. Adoram a música, a dança e a comida. A família tem como centro a mãe que trouxe as crianças ao mundo, e a veneração castilhana pela figura materna é profunda. As danças tradicionais castilhanas são impetuosas lascivas até, diriam alguns e sua música é viva e sentida. A influência da Igreja sobre a música castilhana produziu o que algumas pessoas chamam de “paixão pela precisão”, uma sonoridade que o violão castilhano resume perfeitamente.

A Guerra da Cruz esfacelou Castilha. A inesperada invasão montenha e a destruição do país prejudicou profundamente a economia castilhana. Com a economia em ruínas e a nobreza despojada de suas propriedades, outras nações começaram a rondar suas fronteiras feito abutres. O Bom Rei Sandoval está tentando manter a integridade do reino, mas é só uma questão de tempo até os tronos ambiciosos de Théah se lançarem sobre a carcaça.

O castilhano médio é alto e esbelto, com cabelos predominantemente lisos e negros e olhos escuros. A pele trigueira, os malares altos e os narizes arredondados são resquícios da influência do Império do Crescente na história castilhana. São bem conhecidos por terem dedos ágeis e mãos finas.


Camadas Sociais

No ápice da pirâmide social castilhana ficam o rei e a Igreja, que são considerados iguais, embora o assunto seja algo polêmico no seio da nobreza, pois muitos se recusam a reconhecer o poder de um menino sobre a Igreja. Em seguida, temos os Grandes que ainda detêm a propriedade da terra e, portanto, contribuem com a economia do país e aqueles que não têm terras.

Os Grandes se dividem em três classes. Os nobres mais ilustres são aqueles que têm laços diretos de parentesco com o rei. A segunda camada é formada pelos nobres que detêm terras e títulos. Por fim, a terceira camada, os hidalgos, abrange aqueles que têm títulos, mas não as terras. Desde o fim da Guerra da Cruz, há vinte anos, são inúmeros os nobres destituídos que vivem em Castilha. Eles ainda não se recuperaram.

Desde a Guerra da Cruz e a inesperada invasão montenha, uma parte considerável da nobreza de Castilha perdeu a posição e a propriedade da terra. Boa parte foi tomada pela Igreja. Por causa desses fatores, os castilhanos não se preocupam muito com a condição social, a não ser com os títulos de grande rei ou hierofante. Ver um nobre trocar sua espada por dinheiro, embriagado numa taverna qualquer, diminui a mística do título associado à propriedade da terra.

Há gerações, a vida de um plebeu em Castilha tem sido mais fácil do que em boa parte das outras nações. Escolas, hospitais e outros serviços oferecidos em abundância pela Igreja fizeram da classe campesina castilhana uma das mais privilegiadas de toda a Théah. Mas isso foi antes da Guerra da Cruz. Antes de a semente da corrupção se transformar na erva daninha que estrangulou o país.

O aspecto mais importante da hierarquia social de Castilha é a família. Não existe o conceito de “família nuclear” em Castilha. Os primos são da família. Os tios são da família. Primos em segundo grau são da família. A família remonta sua linhagem a uma única fundadora quase sempre uma matriarca e mantém um retrato dela dentro de casa. As pessoas de posses geralmente adquirem retratos menores e os usam como pingentes em volta do pescoço.

No fundo de seus corações, os castilhanos sabem que, enquanto alguém tiver seu sangue nas veias, essa pessoa será um membro da família. Por piores que sejam seus pecados, ela sempre terá um lugar na família. Somente os pecados mais imperdoáveis matar um parente ou algo assim obrigam uma família a recorrer ao castigo mais temido: o ostracismo.

Nomes

Além do primeiro nome, como Rodrigo ou Estrella, o(a) castilhano(a) também tem uma ou mais “alcunhas”, e qualquer uma delas pode ser usada ou abandonada.

O primeiro tipo de alcunha é o patronímico: um nome derivado do pai, da mãe ou de outro parente. Por exemplo, se seu nome for Selena e o nome do seu pai for Gustavo, você talvez seja conhecida como Selena Gustavez.

O segundo tipo de alcunha é o locativo: um nome derivado do lugar onde você nasceu. Você poderia ser Estrella del Río ou Rodrigo de Alamilla, quer dizer, “Rodrigo da vila de Alamilla”.

Os nomes castilhanos podem ficar bem longos com o acréscimo de alcunhas. Os nomes castilhanos tradicionais podem ter até três ou quatro alcunhas. Por exemplo, uma castilhana poderia se chamar “Estrella Carmela Fernández del Río”.


Vestuário

O preto e as cores quentes formam a paleta básica da indumentária castilhana. O resultado é um cor básica escura e atavios, sinetes e outros adornos em tons vivos de amarelo, laranja e vermelho. Os castilhanos consideram o vestuário um sinal de honra e conduta; portanto, o estilo e a padronagem tendem a mudar de uma finca para outra. Até mesmo os pobres costumam adquirir pequenas quantidades de tecido colorido e costurá-las em seus trajes. Nesses casos, a ideia não é implicar que sejam da realeza ou requintados, mas simplesmente mostrar que têm orgulho de ser castilhanos.

O tradicional traje masculino castilhano inclui o sombrero (um chapéu, geralmente de abas largas), um colete curto e justo, pantalonas e uma faixa na cintura. Na finca, onde é preciso proteger melhor as pernas, eles costumam usar perneiras. Em viagem ou durante eventos sociais, também são usados lenços, luvas, punhos e colarinhos. Bordados, abotoaduras, botões e fivelas de metal são os principais adornos. As moças solteiras tendem a se destacar em Castilha suas roupas, em geral, são brancas ou cor de creme, mas muitas vezes usam lenços coloridos. À medida que as mulheres vão amadurecendo e sossegando, a moda feminina passa a adotar uma miscelânea de modelitos alegres.

As mulheres casadas usam várias cores. Carmesim, azul-claro e verde-escuro são comuns, reforçados no caso da nobreza pelo preto. As saias são drapejadas com fieiras de contas coloridas. As mulheres prendem os cabelos em toucas elaboradas, deixando voltas e voltas de tranças finas ou médias penderem sobre a nuca.

Moeda

A economia castilhana é sustentada principalmente pelas prolíficas atividades agropecuária, madeireira e mineradora. Juntas, representam mais de noventa por cento da receita das exportações do país e fornecem praticamente todos os recursos exigidos pela demanda interna. O excedente é oferecido como dízimo à Igreja, guardado no tesouro do rei ou dedicado a projetos de interesse nacional.

Essa situação de alta produtividade deve-se, em grande parte, à Igreja dos Profetas e sua administração metódica dos recursos naturais de Castilha. Todas as terras são estudadas e todos os recursos, catalogados: monitoram a flora, a fauna e os depósitos minerais com uma precisão esmerada.

Os recaudadores, ou “coletores de impostos”, interagem diretamente com os Grandes. Se um deles não contribuir com o mínimo exigido, os recaudadores devem tanto informar o fato ao rei (ou, dadas as atuais circunstâncias, à Igreja) quanto fazer o Grande pagar algum tipo de indenização. Esta pode ser uma porcentagem das terras do Grande ou uma doação de igual valor à Coroa, como conceder em casamento a mão de um filho estimado ou de uma filha querida, ou prestar um serviço ao rei ou à Igreja. É raro um dos Grandes se recusar a aceitar os termos de um contrato não cumprido com os recaudadores, mas, quando isso acontece, pode-se recorrer a uma “reconciliação pelas armas”: soldados vão à finca do Grande e exigem compensação ou a capitulação imediata de suas terras.

Por fim, mais de um terço do país e de suas férteis terras cultiváveis foi completamente destruído pelas forças armadas de Montaigne nos últimos quatro anos. A previdência da Igreja tem protelado a crise, mas ela não traçou planos para lidar com o aumento repentino na quantidade de Grandes destituídos cujas terras e propriedades hoje nada valem. Muita gente em Castilha ainda sonha em ver esses nobres compensados pelo estrago provocado pelas forças do imperador, mas há pouca esperança de que o Rei-Sol vá se arrepender de suas aventuras militares de uma hora para outra.

A moeda nacional é o dobrão, muito estimado pelas casas de câmbio de todos os países limítrofes. O guilder também começa a se tornar a moeda padrão no país, para desgosto dos mercadores da vizinha Vodacce.

Costumes

Os avalonianos são famosos por sua hospitalidade, porém ainda mais por suas superstições. Longe das universidades castilhanas, é fácil para os avalonianos zombar das “provas científicas”, pois escutam o lamento da banesidhe ecoar sobre as colinas. Os avalonianos se aferram às suas superstições, pois sabem que o menor deslize pode lhes custar muito caro. Toda vez que o sal é derramado, eles jogam uma pitada por cima do ombro. Os pais penduram uma tesoura de ferro sobre o berço dos recém-nascidos. Sempre fecham muito bem as janelas antes do sol se pôr, cobrem a boca ao bocejar e nunca deixam de levar um penny de cobre dentro do salto do sapato esquerdo.

Todas essas crenças derivam da relação concreta de Avalon com o Bom Povo, os sidhe. Os sidhe são semelhantes a uma tempestade de verão: belos, terríveis, coléricos e livres de culpa. Com esse tipo de poder vagando por Avalon e exigindo respeito, é fácil ver por que os avalonianos são tão educados com os desconhecidos: nunca se sabe quando alguém vai topar com um nobre sidhe disfarçado e disposto a transformar em árvore qualquer um que venha a ameaçá-lo ou tratá-lo de maneira desrespeitosa.

Religião

Desde que a sede da Igreja dos Profetas se mudou para Castilha em 1257, o país tem sido um exemplo de devoção na Théah contemporânea. Propicia a Castilha um bocado de influência política, angariando-lhe postos diplomáticos adicionais em todas as cidades importantes do mundo. Esses benefícios são acompanhados por uma grande responsabilidade: preservar a imagem sagrada dos Profetas e agir de acordo com os vários ditames de sua Igreja.

Não tem sido nada fácil. Desde a época do Terceiro Profeta, a postura da Igreja em relação ao perdão e à clemência mudou. Com o passar dos anos, essa postura foi mudando ainda mais. Por fim, nos últimos dez anos, as nuvens ameaçadoras da Inquisição se reuniram para formar uma tempestade. Castilha segue firme nas garras dessa organização, uma situação que o inquisidor-mor Verdugo não tem a menor vontade de mudar tão cedo.

Governo

O estado atual do governo de Castilha é, na melhor das hipóteses, fragmentário. No pior dos casos, encontra-se a caminho do caos absoluto. Com a morte do rei Salvador Aldana em 1664, o único herdeiro do trono hoje um garoto de dezesseis anos dificilmente está preparado para conduzir os negócios de uma potência mundial.

Pela primeira vez desde que toda a família real foi abatida pela peste em 1386, o soberano de Castilha não teve seu devido título de Rex Castilium (“Rei de Castilha”) concedido por El Concilio de la Razón, a assembleia dos cardeais que atuam como conselheiros do rei. Todo e qualquer decreto de Sandoval é examinado e reescrito pelos cardeais, uma tentativa de manter a ilusão de que a liderança de Castilha continua forte. Instituíram uma monarquia condicional no país, ignorando o poder absoluto de seu rei em favor de suas próprias deliberações e, para todos os efeitos, são eles quem hoje dirigem Castilha.

Isso em nada ajudou a organização soberana já sobrecarregada da Nação, atolada na burocracia remanescente da Velha República e complicada ainda mais pela influência precoce da Igreja dos Vaticínios. Várias batalhas com as forças de Montaigne foram perdidas graças a falhas de comunicação: os chefes militares exigiam ordens que, no passado, sempre partiram diretamente do rei. Mas, nesse caso, havia muitos comandantes para poucos soldados. Castilha quase perdeu sua soberania diante de Montaigne, e só venceu no fim por pura sorte e graças ao fato de o imperador ter voltado sua atenção para outra coisa.

É muita gente palpitando na “liderança” de Castilha, e as decisões tomadas por El Concilio são o reflexo de uma corrupção arraigada. Os impostos não estão construindo hospitais, escolas nem igrejas, e sim enchendo a burra dos gananciosos. O Concílio isolou o rei dentro da Cidade dos Vaticínios e conduz os negócios em nome dele. Com o Concílio firme no comando e ninguém em condição de contestá-lo, parece que o estado lamentável do governo castilhano não vai melhorar tão cedo.

Forças Armadas

Quando Montaigne invadiu Castilha há quatro anos, uma quantidade nunca vista de voluntários correu se juntar ao Exército castilhano, mas suas fileiras sofreram provações terríveis nos anos de intenso combate que se seguiram. Hoje, Castilha luta para manter uma força permanente que seja suficiente, sobretudo em áreas cruciais ao sul das Montanhas de Dracheneisen e a leste da Baía de Espuma. A Marinha de Castilha, devastada pela perda da Armada Castilhana, se esforça para patrulhar e defender suas águas. É fato conhecido que os castilhanos lutam com o coração e a alma tanto quanto com o corpo e a mente, mas muitos militares estão perdendo aos poucos a esperança de defender adequadamente seu país caso o imperador decida retomar a ofensiva.

Além de seus soldados capacitados, os castilhanos dependem bastante da tecnologia militar. As fortalezas castilhanas são equipadas com canhões montados sobre rodas e trilhos semicirculares, usados para mudar a direção da boca de fogo, uma tecnologia que torna o reposicionamento das armas bem mais ágil do que seria possível caso fossem erguidas e carregadas. Os progressos no campo da química levaram ao desenvolvimento de uma pólvora de qualidade superior que possibilita uma carga explosiva maior com uma quantidade menor de material. Mas, de longe, a maior inovação militar foi o uso recente de cargas de pólvora pré-embaladas para os mosquetes. Essas cargas permitem aos mosqueteiros castilhanos deixar de lado os desajeitados polvorinhos de chifre. Eles são capazes de carregar e disparar bem mais rápido que outros soldados teanos. Outras experiências estão em andamento para criar cargas de pólvora sob medida para os canhões.

Relações Exteriores

Se quiser entender o que os avalonianos pensam de outros teanos, o melhor a fazer é consultar diretamente a rainha Elaine. Eis algumas declarações seletas de Sua Majestadade sobre as outras nações teanas e suas relações com Avalon.

Graças às práticas “pagãs” da atual rainha de Avalon, Elaine, é grande a animosidade entre Castilha e o reino insular. Mas nem mesmo o malicioso Concilio de la Razón tem disposição para se levantar contra ela no momento, contentando-se em apoiar os inimigos de Elaine e esperar que ela caia em desgraça.
Muita gente em Castilha encara a recente promulgação da Liberdade Dourada como um progresso. Algumas pessoas chegaram a mencionar que Castilha deveria seguir os passos da Comunidade Sarmática. Mas os poderes de fato em Castilha rejeitaram essa ideia risível. A Comunidade é retrógrada como a maioria das nações da Théah Oriental e não faz ideia do que é o progresso. Estão tentando voltar aos tempos áureos da República Numanari…tempos que, nitidamente, não passam de mito. E correr atrás de um mito é inútil.
Os lunáticos blindados de Eisen já demonstraram ser um perigo no passado, mas basta ver suas terras arruinadas e seu governo vacilante para se descartar a possibilidade de uma nova invasão pelo norte.
Atualmente, os montenhos são o grande alvo do desdém que Castilha nutre por toda sorte de estrangeiros. Antes da invasão montenha, fazia seiscentos anos que uma força militar não controlada por um nativo colocara os pés em Castilha. Esse longo intervalo ajudou a cultivar um ódio que muitos soldados montenhos que lutaram nas linhas de frente podem confirmar.
Com a destruição da Armada Castilhana e a esperança ínfima de que a Nação consiga lançar outra frota ao mar, a Irmandade da Costa e os Bucaneiros podem oferecer alguma defesa contra as naus do Rei-Sol.
Os castilhanos viajam muito pouco, comparativamente falando, e aqueles que o fazem raras vezes se interessam pelas planícies vastas e as florestas densas dos ussuranos. Fora as relações diplomáticas de praxe, as peregrinações religiosas e questões envolvendo guerras continentais, os dois países pouco tiveram contato.
“Dentre todos os vigaristas desonestos do mundo, os vesteneses são os que detestamos menos.” Fora essa declaração feita pelo falecido rei de Castilha, nada mais se depreende das relações entre essas duas nações distantes.
Com a hostilidade das divisões da Igreja e as rixas constantes entre os nobres pomposos dos dois países, as relações de Castilha com Vodacce nunca foram tão ruins. As exigências mais recentes dos mercadores vodatianos e as declarações sediciosas de seus cardeais só fizeram acirrar a tensão no Golfo dos Vaticínios, e os Grandes começaram a pedir mais patrulhas para garantir sua segurança.